Ecdise
Emaranham-se hifas
Sobre medos persistentes,
Enroscam-se pífias
Sobre menos importantes
Com formas sutis e variadas,
Explosões de alegria, num micélio,
Desmontam o resto de mistério,
Desfolham as metmorfoseadas.
Desgarram-se lascas
Rasgadas da carne costurada
Sobre realidades opacas.
E a ecdise faz-se sa(n)grada.
Era soterro de estigmas
Encrustrados
Na serendipidade
Dos detalhes de mim
Em auto-comiseração.
A ponta da espada do incomodo
Espeta a matriz de esporos
E arrasta a vontade do novo,
De tear tecidos não escuros...
E nasce um corpo
Sob o sol da bondade
Incipiente corpo de verdade
Nutrido do esterco do porco
Nasce frágil
Mostra fácil a pele pálida
Numa brandura ávida
Por ignorar o passado,
Corar-se no seio da amizade,
Ver-se livre do sonho projetado,
E ser, após a ecdise da realidade,
Vivo na soberba humildade.
BIU
29/08/2005
Serendipidade: arte de transformar detalhes, aparentemente insignificantes, em indícios que permitam reconstruir toda uma história