SULLUZ
Espreitado por chifres pequenos e pontudos
Extrai-se do mistério de que a noite recobre
A paisagem manifesta por lusco-fuscos,
Lampejos dos processos deitados num silencioso molde.
Remetido por horizontes verti-transversais
Aos recônditos do zigue-zague do eu,
Aprofunda-se a sabedoria do ateneu
Ao desconhecer (não conter) as verdades universais
Açoitado pela imperceptível continuidade d e s c o n t i nua do processo,
Vislumbram-se o rasgo do fardo amargo,
Amado por seus gestos singulares do desejo,
E os enfiltramentos do belo pelos vincos do embargo.
E para conhecer-se se faz necessário conhecer
Pois nas entrelinhas do estimulo jaz o si.
Então que numa janela do tempo, permanecer
No tom da viagem da luz ao sul do mi
E deste àquela.
Lucrécio Rodrigues Torres
31.1.05
Inclina o perfil - Cecília Meireles
Inclina o perfil amado
nos veludos do silêncio
e apaga sobre esse quadro
as velas do pensamento
E fecha a porta da sala
e desce a escada profunda
e sai pela rua clara
onde não façam perguntas
E vai por praias desertas
desmanchando os teus caminhos,
cortando o fio às conversas
dos teus próprios labirintos.
E ao chão dize: Sou de areia.
E às ondas dize: Sou de água.
E em valas de ausência deita
a alma de outroras magoada.
Sem propósito de sonho
nem de alvoradas seguintes,
esquece teus olhos tontos
e teu coração tão triste.
Talvez nem a sobre-humana
mão que tece o ar e a floresta
perturbe alguém que descansa
de tão duras controvérsias.
Talvez fiques tão tranquila,
ó vida, entre o mar e o vento,
como o que ninguém divisa
de uma lágrima num lenço.
Cecília Meireles (de Retrato Natural)
nos veludos do silêncio
e apaga sobre esse quadro
as velas do pensamento
E fecha a porta da sala
e desce a escada profunda
e sai pela rua clara
onde não façam perguntas
E vai por praias desertas
desmanchando os teus caminhos,
cortando o fio às conversas
dos teus próprios labirintos.
E ao chão dize: Sou de areia.
E às ondas dize: Sou de água.
E em valas de ausência deita
a alma de outroras magoada.
Sem propósito de sonho
nem de alvoradas seguintes,
esquece teus olhos tontos
e teu coração tão triste.
Talvez nem a sobre-humana
mão que tece o ar e a floresta
perturbe alguém que descansa
de tão duras controvérsias.
Talvez fiques tão tranquila,
ó vida, entre o mar e o vento,
como o que ninguém divisa
de uma lágrima num lenço.
Cecília Meireles (de Retrato Natural)
True lovers in each happening of their hearts - Cummings
true lovers in each happening of their hearts
live longer than all which and every who;
despite what fear denies, what hope asserts,
what falsest both disprove by proving true
(all doubts, all certainties, as villains strive
and heroes through the mere's mind poor pretend
- grim comics of duration: only love
immortally occurs beyond the mind)
such a forever is love's any now
and her each here is such an everywhere,
even more true would truest lovers grow
if out of midnight dropped more suns than are
(yes; and if time should ask into his was
all shall, treir eyes would never miss a yes)
E.E. Cummings (in Selected Poems 1923-1958)
live longer than all which and every who;
despite what fear denies, what hope asserts,
what falsest both disprove by proving true
(all doubts, all certainties, as villains strive
and heroes through the mere's mind poor pretend
- grim comics of duration: only love
immortally occurs beyond the mind)
such a forever is love's any now
and her each here is such an everywhere,
even more true would truest lovers grow
if out of midnight dropped more suns than are
(yes; and if time should ask into his was
all shall, treir eyes would never miss a yes)
E.E. Cummings (in Selected Poems 1923-1958)
Vapor
" O mundo é apenas uma peça de teatro;
é vão e vazio, simplesmente nada,
uma simulação da realidade.
Não lhe dediqueis vossa afeição.
Não rompais o laços que vos une com vosso Criador
e não sejais dos que erraram e se desviaram de Seus caminhos.
Em Verdade, digo,
o mundo é como o vapor no deserto,
que o sedento imagina ser água e
se empenha com todas as forças em alcançar,
até que ao fazê-lo verifica ser apenas uma ilusão."
Bahá´u´lláh
é vão e vazio, simplesmente nada,
uma simulação da realidade.
Não lhe dediqueis vossa afeição.
Não rompais o laços que vos une com vosso Criador
e não sejais dos que erraram e se desviaram de Seus caminhos.
Em Verdade, digo,
o mundo é como o vapor no deserto,
que o sedento imagina ser água e
se empenha com todas as forças em alcançar,
até que ao fazê-lo verifica ser apenas uma ilusão."
Bahá´u´lláh
Amizade
AMIGOS
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."
Oscar Wilde
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."
Oscar Wilde
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