A Eduardo Coutinho
I
O sol sutura a pele
Do rosto içado ao chão de tudo,
Metido no escuro da face
Marcada do ferro solar arguto
Como cu(o)mprido sem justo ditado:
Mais do que a enxada,
É o mesmo sol hirto
Que castiga do mundo a terra
Devastada
Evacuada
Trucidada
Esturricada
BIU
05/12/2005
16.12.05
Pô, meu!
Poemel
“Eu sou convencido de que o homem inventa a si mesmo.” (Ferreira Gullar em palestra no Espaço Cultural CPFL)
“Não estou vazio,
Não estou sozinho,
Pois anda comigo,
Algo indescritível”
(Carlos D. Andrade em “Carrego Comigo” - Rosa do Povo)
Não li os filósofos,
Releio-os, filtrados.
Nos interstícios destras letras,
Embalsamados nos traços,
Ativados nos termos,
Roxos pelo repuxo
De cordas tensas,
Rotas e eriçadas,
Atadas a tanto custo
Nas fendas e arestas das palavras,
Mantidas em pé em folhas claras.
Cada qual pesa nada
Se retirada do estrume
Onde está (a)fundada,
Mas revela sem antes densidade
Caso tomada fruto
De toda uma humanidade,
Suspensa no ar caduco
Filtrado na árvore dependurada
No cálice da flor-palavra.
Vultos de respeito
Pela filogenia calada,
À sombra das sépalas,
Acometem e deixam suspeito
Cada termo de esconder a ossada
Do mistério às claras.
Ó indesejáveis letras desejadas,
Levadas a termo,
Revelam o sumidouro dos ofícios
E o oficio dos sumidouros,
O viver:
Beijar a flor enquanto primavera,
Extrair um mel
Doce e amargo
Opaco e translúcido
Viscoso, imiscível
Mas presente como a seiva do real
BIU
06 e 14/12/2005
Assinar:
Postagens (Atom)