25.4.06

VI


Espera Feliz a Alto do Caparaó

Mucoviscidose
A Túlio

Os olhos lacrados
Percorremos
Trajetos obstinados
Definhamos
Sem atentar ao tentar
Fechar os olhos
E seguir os próprios passos
E os passos próprios.

Eis que gotas caem
Sob o peso da gravidade
E pingam no cruzamento
De diagonais:
Dispor-se e serenar-se.

Caem como líquido amniótico
Rápido
De um mero gestar
Esmero

Pálpebras cortinam
O perambular
Arrastando consigo
A chuva do mar;
Agora,
Só o caminhar
Simples como o oceano
Extenso a brotar.

A vista espera
Os olhos cerrarem-se
E experimenta
As asas abrirem
Antes de secarem
Aos sopros quietos;
Como uma borboleta,
Tomam consciência
Da nova envergadura
Prestes a voar.

E
Ainda escorre um muco viscoso
Da gestação da alma,
Quando o corpo fecha o olho vagaroso
Ao olhar dos pés a palma;
Bater as pálpebras
A um mundo novo
Voar as pernas
Por um caminho povo
E alçar a mente recém-despida
Ao destino tortuoso
Mas pleno
...
Aahh!!!
Isso, ao menos!

17-01-2006