Culto à palavra
Vossa Excelência, licença para colocá-la nessa brancura,
Parte do seu infindável reino.
Solte-se por essa madeira,
E, de alguma maneira, mostre sua força.
Um piparote já é moldura,
Loucura.
Seu palco é o mundo, é o fundo.
É a clareira sem beira.
Quando colocaram Vossa Santidade na Rocha,
Saímos da Pré
E viramos História.
Nasceu a memória.
Ouvir é glória!
Chega pelo ar nessa parabólica,
Colabora ou apavora: a História.
Vossa Eminência conduz essa peça chamada vida.
É o pé.
A Senhora atravessa os mares, invade os lares,
Afasta as feras, acende trevas.
Permite o culto aos deuses, a fé das montanhas.
É a escada do porão
Sobre a Senhora não há domínio;
Mais forte que Sol,
Define a imensidão;
Mais profunda que o mar,
Mais romântica que o luar.
É-nos cevas.
Sua pá lavra, eleva, cala, safa, mata.
Você, Palavra, semeia
O Amor,
A dor,
Cultiva o sabor,
Planta o saber,
O viver: amplitude celeste.
Sem você, tudo some: a ciência, a religião...
Chegaria, Mestre, a peste.
Na medida em que ficamos íntimos,
E os pronomes tornam-se amigáveis,
Aproxima-se da natureza destinada, a de ser Humano
Graças ao seu infinito, existe ser humano.
Sem seu infinito,já éramos-
Clamor
BIU
14/10/1999
4 comentários:
Olá "Biu",
Falei que ia escrever, fazia tempo já...
Muito bonito teu blog, gostei bastante de várias poesias tuas (e as de Alvaro de Campos, claro). Gostei de "saudade" e 'S', que deve ter adorado o que escreveste.
Parabéns!
Mariana
Valeu mariana!
Agradeço os elogios e o interesse.
Acho que precisamos de um pouco de poesia nesse nosso dia-a-dia tão árido...
biu
Biu,
Que idéia Divina!
Há tempos que não sinto a emoção de compreender o incompreensível, de entender o ininteligível!
Como se não por palavras, mas muito mais que palavras, atingir as idéias que pingam neste mundo concreto (ou de concreto), sem amarrá-las, enquadrá-las e friamente retirar-lhes os órgãos, que em vão apodrecem!
Ha! Doce poesia, que penetra meus sentidos, numa explosão de sabores, logo desaparece e por isso permanece!
Obrigado caro amigo.
Que pelo mundo este silêncio ecoe.
SALVE A POESIA!
Show de bola, Arthur!
Curti muito seu comentário!
A poesia escorre das suas palavras assim como das palavras, gestos e atitudes de todos. Basta que descubram como ver o mundo pelo viés da prórpia poesia!
Cultivemos isso. Precisamos cultivar
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