12.5.05

Ter a pia I

Estilingue

Cavidade ressonante de versos
Exibe uma trinca
E os dedos do que brinca,
Sôfregos, empurram em dor imersos

O esconder como ser
Repele a plenitude do momento
E a porosidade do inabalável escondido
Revela um bebê impedido de viver

Viciado em ser-lhes especial,
Centro da atenção impressionada,
Chega a desprezar os demais do palanque umbigal
E não reter o mundo pois até a sua em si está por demais centrada

Acuados em ser(,) seres acuados
Pela cobrança que encobre o viver,
Buscamos algo sempre a correr
Como uma fuga do mi ao si dos refugiados

Urge esmigalhar a casca
E aguçar tantos quanto sejam os sentidos
Livres do sangue viscoso dos momentos não-vividos
E dar-se ao singelo sorriso
De ver os estilhaços da máscara

BIU
10/05/2005

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