"E só ficara comigo
o riso rubro das chamas, alumiando o preto
das estantes vazias.
Porque eu só preciso de pés livres,
de mãos dadas,
e de olhos bem abertos."
Bibliocausto - livro Magma
Joao Guimarães Rosa
Joao Guimarães Rosa
“Viver para ser admirado pelos outros cria apenas fracasso e frustração"
Heróis de verdade - Roberto Shinyashiki
Parte a barca
Branca
Deixa larga
Embarca
Na largura
Arca
Larga
Não deixa a barca
Abarcar
A marca
E largar ao largo
Amarga
Alarga
Barca Furada
Rasga tecido
D’água
Arrasta
Aparta o broto novo
Surfa a barca
Um jeito povo
Barqueja
Arpeja
Ritmo
Encarna
Seja barca
Em barca
Forma nova
Embarca agora
A barca do eu
À barca do outro
Alarga a largura
Barca
Felipe Modenese
19-02-2006
Para que serve um amigo?
Milan Kundera, em seu livro “A identidade”, diz que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança contra a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou serão varridas numa chuva de verão.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos. Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta calor e a jaqueta. Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país. Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu. Um amigo não passa penas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o Reveillon. Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. Um amigo não segura a barra apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem.
Milan Kundera, em seu livro “A identidade”, diz que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança contra a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou serão varridas numa chuva de verão.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos. Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta calor e a jaqueta. Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país. Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu. Um amigo não passa penas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o Reveillon. Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. Um amigo não segura a barra apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem.
Se tiver num, amém.
Martha Medeiros
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