Horas são
No corpo do pai,
bem longe do filho,
sente espírito tanto
os tapas na cara da alma.
A peleja humana vigora
o planeta azul;
detona o verde
(des)fazendo a sombra de sua natureza.
Vamos sem sentido, ao descalabro:
só; vamos.
Com que arrogância prosperamos
no desterro
da ascendência
de nosso chão?
Com que fundura
pais desconhecem
a prontidão da neurobiologia interpessoal dos filhos?
Enterram buracos
a ecoar por gerações?
O vazio é vasos,
desabrochando exóticas orquídeas,
ora louco,
ora são.
Do ventre da (H)era digital,
pululam pop ups:
pólen-dúvidas,
clamor de sabedoria,
brados de austeridade
em súplicas de presença.
Onde se hiberna a compaixão?
Por onde vaga a alegria livre de consumo?
Em que oração emerge o altruísmo nutritivo?
Na matéria do espírito,
repetimos os exames,
o sacramento do nada
em busca de forma
e qualquer a-b-sol-vi-ção
do espírito da matéria.
Nestas horas, são,
ridicularizo o que sou,
encarno o que é,
cravando linguagem
na cruz deste momento.
No corpo do pai,
bem longe do filho,
o espírito sente tanto
tapas firmes na cara
para despertar amor puro
em pleno desastre
dessa(s) horas são.
Árvore centenária derrubada "naturalmente" na fazenda Nova Era (Botucatu-SP, foto 14/07/2019) |
2 comentários:
Lindo, Felipe! Obrigada.
Demais, que forte!
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