1.2.05

Poesia e Paisagem Recifenses

"Você percebe o tamanho do artista quando a cidade dele se confunde com sua obra. Isso acontece com Roma & Fellini, Tom Jobim & Rio, Dorival Caymmi & Bahia, Woody Allen & Nova York... Poesia se confunde com paisagem. Quando chego em Recife, mesmo sem walkman no ouvido começo escutar lá dentro da alma Chico Science o tempo todo. É impressionante a gritante presença de Chico por aqui. Até motorista de táxi fala dele e me mostra o poste onde desgraçadamente ele se desmaterializou para outra dimensão das pontes e overdrives dessa cidade hiper musical.O Porto Musical começou ontem com uma grande festa, é claro. E o nome dele foi citado muitas vezes. E na maior parte delas, por alemães, franceses, italianos...
Viva Chico Science, Viva o Mangue, Viva Pernambuco!" Marcelo Tas (marcelotas.blog.uol.com.br)


A CIDADE

O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
Não importa se são ruins, nem importa se são boas

E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

A cidade se encontra prostituída
Por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares
A cidade e sua fama vai além dos mares

No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu
Num dia de sol Recife acordou
Com a mesma fedentina do dia anterior

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