22.5.06

IV



Faria Lemos a Carangola

Ciscos

As sombras de mãos duplicadas
Vêm das lâmpadas do poste com hastes encurvadas.
Brincam no papel enquanto
Jovens digitalizam suas vidas em fotos
Jogam baralho sob colunas de mármore
E decidem namoricos nas muretas da arvore.

10 minutos antes da última hora,
Vem a força aprisionada nos cristais do caminho,
Aglutinada com a calma das eras
E protegida sob copas de cerca viva e espinho:

A serenidade da natureza,
No embalo dos gritos de insetos,
Grilos, cigarras e sapos ritmados,
Aflora , desterra a beleza

Ciscos nos morros de mata salpicada
Não incomodam, mas botam pra fora,
Fazem chorar
O serpenteio do rio Carangola,
Um segredo na alma e no fundo dos olhos,
Uma estória:

O buxo rasgado da cordilheira
Pelo facão dos tropeiros,
A enxada dos cafeeiros
E os cascos do gado barranqueiro
Desfolha suas entranhas
Em lâminas encr(u)ist(r)adas
De terrena sabedoria:
Brilham a luz que colhem
Brincam com as energias que em si dissolvem
E ensinam como dar luz a um caminho:
Brilhar de amor por detalhes
E brincar o caminho em harmonia.

10 e 11-01-2006

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