No papel, Papel do Papel
Todos têm seu papel no mundo!
Alguns já o têm nas costas cravado
Como os pés e pulsos na cruz
Dentre os quais há os que não conseguem ler ou entender
Pois não encontram espelhos adequados
Ou tem sua flexibilidade atrofiada
Outros o perseguem num ritmo desenfreado
Sem saber que este mesmo é o papel lhes destinado
Giram como cão atrás do rabo
Suspeitam, mas nada os seduz:
Capuz que esconde, interroga, abala
O papel do papel
Apela nos gestos
Restringe movimentos
Condena prisioneiros
Estica monumentos
Impele pioneiros
Cala a fala
Embala a faca
E caleja a fala
Afia e lustra a bala
Desorienta aviões a prédios
Mata de asfixia
Ou de hiperventilação
E enquanto a Papa papa seu papel,
Saboreamos o nosso
Com o timbre de Subdesenvolvimento,
O rótulo de Terceiro Mundo,
Blended in 1500
E com a rubrica de todos
Domesticamo-nos em casa
Esperando que nosso real papel
Chegue numa garrafa toda riscada
Lançada por um sr. que tudo sabe
Menos o papel do papel que nos cabe
BIU
28/01/2005
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