12.1.05

A uma amiga

A uma amiga


Vossa Excelência, licença para colocá-la nessa brancura,
Parte do seu infindável reino. Solte-se por essa madeira,
E, de alguma maneira, mostre sua força. Um piparote já é moldura,
Loucura. Seu palco é o mundo, é o fundo. É a clareira sem beira

Quando colocaram Vossa Santidade na rocha saímos da Pré
E viramos História. Nasceu a memória. Ouvir é glória.
Chega pelo ar nessa parabólica, colabora ou apavora: a História.
Vossa Santidade conduz essa peça, chamada vida. É o pé

A Senhora atravessa os mares, invade os lares; afasta feras, acende trevas
Permite o culto aos deuses, a fé das montanhas. É a escada do porão
Sobre a Senhora não há domínio. Mais forte que Sol. Define imensidão
Mais profunda que o mar, mais romântica que o luar. É-nos cevas

Sua pá lava, eleva, cala, safa, mata. Você, Palavra, semeia o Amor,
A dor; cultiva o sabor; planta o saber, o viver: amplitude celeste
Sem você tudo some: a ciência, a religião. Chegaria, Mestre, a Peste
Graças ao seu infinito sou ser humano. Sem seu infinito já éramos: Clamor
Biu, 1999.

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