1.3.05

Rito à Linguagem

Código Virtuoso

Levanta dos percalços do sono
Um reexame dos ditames do acaso
E o rico perdurar dos zigues-zagues
Recobram afago (im)pedindo que os largue

A transfiguração da idéia fosca
Em sentido lingüístico
Gera construção da branca mosca
Sobre o papel meta e artístico.

O corte seco do charuto
É preciso, direto e enxuto,
Contra o discurso da fumaça cubana,
Rebuscado, fractal em sua gana,
Repleto de balbucios e balbúrdias,
Enfeitado de aparentes nonsenses e rédias.

A análise da virtude da virtuose
Expõe um narcisismo fétido,
Um palanque imóvel pela trombose
Das veias de arte do moleque ávido.

Sombras dos signos iluminados pela história,
Os significados não ficam,
Ultrapassam o tempo e não se findam
Nem em si, nem na civilizatória memória

Vivemos sob o código das idéias
Maestro de minúsculos filetes de protoplasma no cérebro
Rumo à música do paraíso da compreensão,
À sinfonia da harmonia e do mundo em vão


Lucrécio Rodrigues Torres
01/03/2005