2.1.06

Fim de ano

2005

Casulo ano
Metamorfose ano
Ano
Repleto de ângulos,
Vieses novos
Ainda vaporizados
Vórtice ano
Realidade
Pelo estreito viés de poesia
Viesia
Difratada

Mortes plácidas e horrendas
Massacres
Amores
Vapores
Linda vó
Tia doce, bem doce
Odores
Motores
Cintilante desespero de cheiros
Morenos
Pavores
Pânico
Amores cipós no inferno da mente
Até um verdadeiro, penso
Imenso
Colhê-lo
Amá-lo
No embalo de ondas incessantes
De questão

Corrupto ano
Falcatruas
Cuecas peruas nuas
Santo ano
De papa novo!
Reciclando
“Preguiça de viver” ano

Assassino ano
Do herói que devia ser
Parto ano
Do humano que pode ser
Doloroso ano
Desafiando a solidão
Professor ano
Da grandeza do que é sobre o que poderia ser
Do que está para o que não é
Nem nunca será
Vitória do que é

Vitorioso ano
Suicida ano
Palestina ano
Londres
Bombas sondas
No inferno humano

Mapa ano
Dos tesouros nossos
Poucos
Humanos
Amor, prazer, dor
Frágil ano
Sou humano
Humano
Nunca mais ano
Sempre ano
Temperado ano
Diabo ano

De sorrisos desesperados
E débeis soluços
Mas verdadeiros
Amor ano
Ando
Erguendo a fronte
Ao desamparo humano

Tsunami ano
Katrina ano
Wilma ano
Peregrino ano
Mais um...
Ao equilíbrio engano

Magma ano
Viagem à Catarina
Paraitinga
A Bueno Brandão
À riqueza da capital
Ao limbo
Ao coração
A Bersabéia
Ao futuro em vão

Meses gordos
Mensalão ano
Tricolor ano
Tricampeão

Calvino ano
Ronaldinhos ano
Vó em descanso
Passar um pano
Buxando
Bush ano

Amor ano
Balanço
Gangorra
Decotado ano
Kamikaze ano
Tera ano
Miudezas
Paixão ano

Sutilezas
Películas de real
Pelicano
Insano
Socorro ano
Mundo ano
Mundano

Gincana de sentimentos
Inventário do mudo mundano
Irremediável
Riscado

Frisante ano
Frisos
Vieses novos de poesia
Bolhas nuas
Fecha ano 5
Abre o 6
Achado
Protegido
A um sereno ano
Recheado de vôos
Oceano


BIU
31-12-2005




Arruaça
Para a foto das páginas 60 e 61 do número 7, ano II, da resta “Porto Seguro Brasil”

Brilham pontos na escuridão
Espiralando
Bocados mais juntos
Rodando
Sopros mais antigos
Brincando
No sem-fim da imensidão

Disputam mais negros olhos
Branqueando
Dobraduras na tez da noite
Serpenteando
Vias-lácteas no açoite
Bagunçando
Quem arde mais a retina dos povos

Ondulam ao perfeito acaso
Arranhões
De negrura pelos vales
Molecando
De montanhas sob neves
Balburdiando
Ao trazer impressões do universo

Jorram bem ali no meio
Cuspidas
Nervuras de arruaça
Trepadas
Rindo a qualquer ameaça
Gargalhadas
Como quem brinca sem arreio

Então que no olhar da fronte
Matutado
Destoa textura aos véus dada
Inocentada:
Só a pele do moleque de Rosa
Nadando
Na vereda de São Romão, esbalda o Rio da Ponte

BIU
29-12-2005