24.1.06

Dito e Feito

3 - Poesia e romance

Folha - O que você diria que alguém de 17, 18 anos deveria estar lendo agora para ter uma noção do seu próprio tempo?

Paglia - Poesia. O pós-estruturalismo privilegiou o romance. É no romance que as técnicas da desconstrução funcionam melhor. Com a poesia, não. E, para mim, o poema -o curto, em especial- faz muito mais parte da nossa época. O poema curto equivale a uma canção, que se escuta inteira no rádio, ou a uma pintura, que se pode ver isolada. Já um romance pode exigir duas ou três semanas de leitura, com um esforço especial de atenção para a linearidade das idéias. E esse tempo e essa atenção são cada vez menos disponíveis, mesmo para os jovens.Eu adoro os romances do século 19, mas não tenho entusiasmo pelo romance anglo-americano contemporâneo. Os últimos romances que li a sério foram [três grandes obras do modernismo europeu] "Rumo ao Farol", de Virginia Woolf, "A Montanha Mágica", de Thomas Mann, e "Ulisses", de James Joyce, romances em que se percebe uma espécie de fusão entre poesia e prosa. Já o romance anglo-americano atual... O que é essa ficção, comparada à vitalidade que se vê por todos os lados, no cinema, na TV, até na internet ou em videogames?

Camille Paglia
em entrevista à Folha - caderno Mais de 10 de abril de 2005


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07-08-2005