18.3.05

Un pò di religione

Culto à palavra

Vossa Excelência, licença para colocá-la nessa brancura,
Parte do seu infindável reino.
Solte-se por essa madeira,
E, de alguma maneira, mostre sua força.
Um piparote já é moldura,
Loucura.
Seu palco é o mundo, é o fundo.
É a clareira sem beira.

Quando colocaram Vossa Santidade na Rocha,
Saímos da Pré
E viramos História.
Nasceu a memória.
Ouvir é glória!
Chega pelo ar nessa parabólica,
Colabora ou apavora: a História.

Vossa Eminência conduz essa peça chamada vida.
É o pé.
A Senhora atravessa os mares, invade os lares,
Afasta as feras, acende trevas.
Permite o culto aos deuses, a fé das montanhas.
É a escada do porão

Sobre a Senhora não há domínio;
Mais forte que Sol,
Define a imensidão;
Mais profunda que o mar,
Mais romântica que o luar.

É-nos cevas.

Sua pá lavra, eleva, cala, safa, mata.
Você, Palavra, semeia
O Amor,
A dor,
Cultiva o sabor,
Planta o saber,
O viver: amplitude celeste.
Sem você, tudo some: a ciência, a religião...
Chegaria, Mestre, a peste.

Na medida em que ficamos íntimos,
E os pronomes tornam-se amigáveis,
Aproxima-se da natureza destinada, a de ser Humano
Graças ao seu infinito, existe ser humano.
Sem seu infinito,já éramos-
Clamor

BIU
14/10/1999

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá "Biu",

Falei que ia escrever, fazia tempo já...
Muito bonito teu blog, gostei bastante de várias poesias tuas (e as de Alvaro de Campos, claro). Gostei de "saudade" e 'S', que deve ter adorado o que escreveste.
Parabéns!
Mariana

Anônimo disse...

Valeu mariana!
Agradeço os elogios e o interesse.
Acho que precisamos de um pouco de poesia nesse nosso dia-a-dia tão árido...
biu

Anônimo disse...

Biu,
Que idéia Divina!
Há tempos que não sinto a emoção de compreender o incompreensível, de entender o ininteligível!
Como se não por palavras, mas muito mais que palavras, atingir as idéias que pingam neste mundo concreto (ou de concreto), sem amarrá-las, enquadrá-las e friamente retirar-lhes os órgãos, que em vão apodrecem!
Ha! Doce poesia, que penetra meus sentidos, numa explosão de sabores, logo desaparece e por isso permanece!
Obrigado caro amigo.
Que pelo mundo este silêncio ecoe.
SALVE A POESIA!

Felipe R.Torres Modenese disse...

Show de bola, Arthur!
Curti muito seu comentário!
A poesia escorre das suas palavras assim como das palavras, gestos e atitudes de todos. Basta que descubram como ver o mundo pelo viés da prórpia poesia!
Cultivemos isso. Precisamos cultivar